Para inaugurar a seção de Latim, escolhi como assunto a pronúncia, que é um dos elementos que causam maior controvérsia, já que não dá para sabermos exatamente como esta língua era falada enquanto ainda era “viva”. Lembrando o fato de eu não ser um professor de Latim, mas ser apenas um entusiasta que está estudando o assunto, e pesquisando – muito – a fim de atingir um conhecimento satisfatório, tentarei aqui unificar as diversas explicações encontradas em livros e na Internet.
De maneira geral, podemos dividir os tipos de pronúncias encontrados em 3 grupos:
1. Pronúncia Eclesiástica (usada pela Igreja)
2. A Clássica (Reconstruída), elaborada a partir de estudos com povos próximos.
3. A nacional, a qual cada país aplica a pronúncia de sua própria língua materna nas palavras latinas.
Usarei os conceitos mais próximos ao segundo grupo, mais difundidos entre os estudiosos do mundo todo. Desta forma, vejamos o esquema abaixo:
A: Pronúncia aberta na grande maioria das vezes.
C: Som de “K”, mesmo quando antes de E e I. (como em Carro).
E: Pronúncia geralmente fechada. (como em dEdo).
G: Som de “GU” mesmo antes de E ou I. (como em Gosto).
H: Levemente aspirado, semelhante ao Inglês. (como em Home, Hill)
J: Som de I semivocálico. (como em Iodo)
K: Igual ao Português, embora quase nunca usado.
M: Igual ao Português, porém sem nasalizar as vogais, quando anteriores a ele. (caMa seria falado cáMa)
O: Pronúncia geralmente fechada, mas nunca como “U”. (como em dOce).
Q: Sempre antes de “u semivocálico”. (V – ver adiante – como em cinQuenta)
R: Geralmente som de um R só, e mais suave. (como em caReta)
S: Sempre com som de SS. (como em Sol).
T: Geralmente igual ao Português. Porém, quando antes de I numa sílaba átona assume o som de SS. (1. como em Tudo; 2. como eu LetíCia)
V: U átono ou semivocálico. (como em qUociente, LoUro).
X: Sempre dífono, com som de “ks” (mais comum) ou “gs”. (1. como em taXi; 2. como no Inglês, em eXactly).
Y: Quando em palavras de origem grega (não existia no Latim) tem som semelhante ao “u” francês. (como em menU).
Z: Sempre dífono, com som de “ts” (mais comum) ou “ds”. (1. como em piZZa; 2. eDSon)
OBS.: As letras que não apareceram têm a pronúncia idêntica à do Português.
Ditongos:
AE: No início pronunciada como ditongo (AI). Posteriormente se transformou em É (E aberto). Por isso, ambas as pronúncias são encontradas, embora a primeira seja a mais difundida mundialmente.
OE: No início pronunciada como ditongo. Posteriormente se transformou em Ê (E fechado). Alguns adotam esta pronúncia, e outros preferem pronunciá-la É.
Dígrafos:
CH: Som de “K” aspirado, semelhante ao alemão. (como em BaCH)
RH: Pronunciado como “RR”. (como em Rosa, caRRo)
TH: Igual ao Inglês. (como em THink)
GN: Som de “NH”. (por isso lasaGNa se pronuncia lasanha)
Letras Dobradas:
É comum encontrar palavras com letras dobradas, o que indica uma extensão maior, ou um prolongamento em sua pronúncia.
Espero ter sido claro o suficiente, e que esta explicação possa ajudar àqueles que, como eu, possuem interesse por essa fascinante língua clássica.