Fonética, Fonologia e a relação entre letras e fonemas

Quando se trata dos sons da fala humana, existem duas formas de estudá-los:

A Fonética estuda os sons de uma forma geral, analisando os sons conhecidos e atribuindo símbolos a eles. Já a Fonologia estuda como os sons produzidos se organizam dentro de um idioma específico; no nosso caso, por exemplo, seria o Português.

Você provavelmente já aprendeu o que são vogais e consoantes, e você provavelmente associa esses dois conceitos às letras. Isto não está certo, principalmente depois que o “y” e o “”w” voltaram a fazer parte oficialmente do nosso alfabeto.

Não entendeu? Então me responde: o “w” é consoante ou vogal? E o “y”?

A resposta certa é… Depende. Se o “w” está no nome Walter, ele é uma consoante, já que faz o mesmo som do “v”. Já se ele está no nome Wallace, ele é uma semivogal, já que faz o mesmo som do “u” num ditongo crescente.

Fui muito longe? Vamos voltar então.

Nós aprendemos que “a”, “e”, “i”, “o” e “u” são vogais, e que as outras letras são consoantes. Mas qual é a diferença de fato entre elas?

Se você lembra das aulas de ciências, o corpo humano e composto por alguns sistemas e aparelhos. O aparelho responsável pela fala é o aparelho fonador, que é composto pelos pulmões, traqueia, laringe, que é onde ficam as pregas vocais e a glote, pelos lábios, dentes, alvéolos, pelo palato duro – o céu da boca – e o mole – a úvula, pela parede rinofaríngea, pela língua e pelo nariz.

Quando o ar sai do pulmão e produz um som, sendo expelido sem qualquer obstrução audível, ele é um som vocálico. Se sai pela boca, é oral; se  sai pelo nariz, é nasal. As letras que representam esses sons são chamadas de vogais.

Agora, se quando o ar sai, acontece alguma obstrução no caminho, o som produzido é consonantal. As letras que representam os sons consonantais são as consoantes.

Dependendo do tipo de obstrução, o som emitido recebe uma classificação:

  • Oclusivas: quando o ar é bloqueado totalmente. São os sons presentados pelas letras “p”, “t”, “k”, “b”, “d” e “g”;
  • Fricativas: quando o ar se fricciona com algum obstáculo. São os sons presentados pelas letras “f”, “j”, “s”, “b”, “ch”, “v” e “z”;
  • Laterais: quando o ar passa pelos lados da língua. São os sons presentados pelas letras “l” e “lh”;
  • Vibrantes: quando o ar faz vibrar a língua ou o véu palatino. São os sons presentados pela letra “r”;
  • Nasais: quando o ar sai pelo nariz, e não pela boca. são os sons presentados pelas letras “m”, “n” e “nh”.

Além disso, as peças que bloqueiam o ar vão ajudar a determinar seu som. É o chamado ponto de articulação. Dependendo do ponto, o fonema recebe uma classificação:

  • Bilabiais: quando o ar é obstruído pelos dois lábios. São os sons presentados pelas letras “p”, “b” e “m”;
  • Dentais: quando o ar é obstruído pela língua entre os dentes. São os sons presentados pelas letras “t”, “d” e “n”;
  • Alveolares: quando o ar é obstruído pela língua nos alvéolos – a região acima dos dentes superiores. São os sons presentados pelas letras “s”, “z”, “l” e “r fraco”;
  • Labiodentais: quando o ar é obstruído pelos lábios e os dentes superiores. São os sons presentados pelas letras “f” e “v”;
  • Palatais: quando o ar é obstruído pela língua no céu da boca. São os sons presentados pelas letras “j”, “ch”, “lh”, “nh” e, dependendo da região, “d” e “t” antes de “i” (tch);
  • Retroflexivas: quando o ar é obstruído pelo curvamento da língua. No Brasil, somente acontece em algumas regiões, com o “r caipira” ;
  • Velares: quando o ar é obstruído pela língua no véu palatino. São os sons presentados pelas letras “k”, “g” e “rr”;
  • Uvulares: quando o ar vibra a úvula. No Brasil acontece apenas no “r forte”.

OBS.: Ainda existem as Glotais, mas o Português não possui consoantes com esse fonema.

Esses pontos de articulação explicam, por exemplo, por que algumas pessoas trocam o “l” pelo “r”, o “v” pelo “b”, o “r” pelo “g”, o “l” pelo “r”. Você já deve ter conhecido pessoas falando bicicReta, Vasculante, soBaco… Qualquer dificuldade, deficiência ou falta de adaptação do aparelho fonador pode gerar essas distorções na fala.

Além disso, os sons podem ser surdos (desvozeados) – quando não há vibração as pregas vocais, ou sonoros (vozeados) – quando as pregas vocais vibram. Observe a tabela abaixo:

 

SURDAS F K (QU) P S (C) T X (CH)
SONORAS V G (GU) B Z (S) D J (G)

Além destes pares, existem ainda alguns fonemas sonoros individuais: lh, m, n, nh e r.

O curioso desta classificação é que os pares de consoantes surdas/sonoras são indistinguíveis quando observadas sem som. Peça pra alguém se filmar falando algumas consoantes e assista, tirando o som. Você simplesmente não vai conseguir saber se ela tá falando p ou b, f ou v, s ou z… exatamente porque estes são pares de consoantes com o mesmo ponto de articulação, sendo diferenciados apenas pela vibração das pregas vocais.

 



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